terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A Igreja do Patriarca Kyrill desmascarada


Por Lucas Janusckiewicz Coletta
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Haja vista a desinformação que circula na mídia e nas redes sociais, é oportuno que se desmitifique a farsa da Igreja Ortodoxa Russa, fraude gerada nos tempos do ditador comunista Stálin, veiculada hoje em dia pelos meios de propaganda a serviço de Vladimir Putin, e que acaba de ser prestigiada pelo Papa Francisco. Também é pertinente recordar as perseguições sofridas pela Igreja Católica ucraniana.
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1-) O Pe. Pavlo Vyshkovskyy no seu livro “o Martírio da Igreja Católica na Ucrânia”, pormenorizadamente trata de toda a perseguição feita pelo regime do Kremlin contra a Igreja Católica Ucraniana desde a revolução comunista na Rússia. Com efeito, o Pe. Pavlo relata, na página 15, que seu avô foi enterrado vivo por que recitava o rosário. Relata também que ele mesmo, como era o único que frequentava a igreja, era motivo de escárnio na escola. “Me colocavam de joelhos defronte ao quadro de Lenin, me ameaçavam, me batiam e, repetidamente, me diziam ‘Você nunca será um sacerdote’”. E conta ainda: “Aos 11 anos, em 1986, foi-me dito que eu era ‘inimigo de meu país’, porque, na noite de Natal, fui para a igreja assistir a Santa Missa”.(1)
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2-) Segundo o texto da Encíclica de Pio XII “Orientales omnes Eclesia”, publicada em 23/12/1945, verifica-se que a perseguição contra os católicos ucranianos remonta ao século XV, quando Isidoro, então Metropolita de Kiev, no Concílio Ecumênico de Florença (1439), assinou o decreto pelo qual a Igreja greco-bizantina ucraniana abandonou o cisma e foi solenemente reunida à Igreja Latina. Mas mesmo sendo perseguida por Moscou desde essa época, a Igreja Católica Ucraniana nunca deixou de existir, ao contrário da dita “igreja ortodoxa russa”, que sob o regime comunista perdeu a sucessão apostólica, do que logo passo a tratar.

3-) Os russos, desde a sua conversão, não permaneceram nem 100 anos dentro da Igreja Católica. Há mil anos que eles vêm causando problemas para a Cristandade. Além do cisma, também caíram em heresia. No século XX, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, nas páginas do jornal católico Legionário, acompanhou atentamente os acontecimentos envolvendo a igreja cismática russa e fez uma sintética descrição histórica, como veremos a seguir.
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“Aos poucos a hierarquia cismática se foi dividindo em pequenas igrejas nacionais, todas elas dependentes do poder temporal. Entre outras igrejas cismáticas nacionais, formou-se a da Rússia. Assim, pois, não pensemos que a imensidade de Bispos e Sacerdotes de vistosa e singular indumentária, que vemos espalhada por todo o mundo eslavo, nos Balcãs, na Ásia, constitua um corpo homogêneo. Além de que muitos deles são católicos, apostólicos, romanos, em união e comunhão com a Santa Sé, os outros se fragmentaram em numerosas unidades religiosas "autocéfalas" – empreguemos o termo clássico – isto é, que se governam por sua própria cabeça. Mas, quando os homens se governam só por sua própria cabeça, desprezado o pastoreio sobrenatural e suave de Roma, de fato caem no desgoverno. O espírito humano, trincado pelo pecado original, não é mais capaz de "autocefalia". Ou o governa o Espírito Santo por meio de Roma, ou o governa o despotismo de suas paixões, ou o governam os tiranos deste mundo”.(2)
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4-) Stálin primeiro perseguiu implacavelmente a igreja cismática russa. Por ordem dele, 168.300 clérigos ortodoxos russos foram presos só durante os expurgos de 1936 a 1938, dos quais 100.000 foram mortos”.(3) Sob a perseguição comunista, a igreja cismática russa que tinha mais de 55 mil paróquias em 1914, passou a ter 500.(4)
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Nesse mesmo tempo em que Stálin liquidava a igreja cismática russa, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, nas páginas do Legionário, comentou: “Foi nessa atmosfera de suprema tensão de espírito para alguns raros cismáticos sinceramente anticomunistas, e de franca conivência dos outros com o comunismo, que se operou uma transformação imensa: Stalin cessou de certo modo a perseguição, flertou descaradamente com a igreja cismática, e, sob pretexto de a reorganizar, colocou nela suas mais devotadas criaturas. Eram um ‘ersatz’ [substitutivo] religioso. Padres de fancaria, que não tinham ordens sacras nem estudos, bispos postiços, sem caráter sacramental... nem moral, antigos agitadores, aventureiros, de permeio com alguns renegados das antigas fileiras cismáticas. É essa a composição humana da ‘igreja’ do Sr. Stalin, nas quais os aventureiros tem ainda maior influência que os renegados. Stalin ainda não se ‘converteu’ a esta ‘igreja’. Mas está como Voltaire que, certa vez, passou diante de uma igreja católica, descobriu-se, e disse a um amigo: ‘Deus e eu ainda não nos falamos, mas já nos cumprimentamos’. Stalin e os cismáticos ‘já se cumprimentam’ e daqui a pouco estarão se falando, e daqui a pouco mais estarão se abraçando”.(5)
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5-) À vista do que foi referido, a igreja cismática russa passou por tal aniquilamento que se pode duvidar até mesmo que tenha havido a continuidade da sucessão apostólica, porquanto foi criada uma hierarquia nova, instituída, nomeada e dirigida pelos comunistas. O prof. Plinio Corrêa de Oliveira, também nos deixou a descrição do processo deletério ao qual ela foi submetida por Stálin:
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“Desde o início, isto é, de 1917, as perseguições não visaram só o objetivo difícil e quase inverossímil, de extirpar a religião na Rússia. Diante do sucesso altamente improvável desse empreendimento, elas tiveram em mira também um resultado mais modesto, mais provável, e por isto mesmo, mais sólido: aterrorizar, dividir, desorganizar a Igreja greco-cismática, extenuar pela brutalidade e pela confusão o maior número de adeptos dessa Igreja, e por fim obter que eles aceitassem uma hierarquia nova, instituída, nomeada e dirigida pelos sem-Deus. Fazer da religião e de seus ministros, os agentes da irreligião, tal era o estratagema supremamente hábil que o maquiavelismo cremliniano teve em vista.” (6)
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NOTAS:
(1) http://www.lucisullest.it/il-martirio-della-chiesa-cattolic….
(2) http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20440702_Catolic….
(3) Cf. Alexander N. Yakovlev, A Century of Violence in South Russia, New Haven, CT: Yale University Press, 2002, p. 165.
(4) Country Studies: Russia – The Russian Orthodox Church, U.S. Library of Congress, ˂ http://countrystudies.us/russia/38.htm˃.
(5) http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20440702_Catolic….
(6) http://www.pliniocorreadeoliveira.info/FSP%2071-09-12%20Sob…


Matéria Publicada originalmente em comentário meu no site Fratres in Unum:

http://fratresinunum.com/2016/02/15/declaracao-conjunta-fala-o-patriarca-greco-catolico/

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