quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Patriarca Kirill: agente da FSB/KGB?









Por Lucas Janusckiewicz Coletta.


O Tenente-General Ion Mihai Pacepa desertou do serviço de inteligência romeno em 1978 e buscou asilo nos Estados Unidos. Em seus numerosos artigos e livros publicados, denunciou a chamada desinformação (“dezinformatsiya”), expressão que foi criada pelos russos no tempo de Stálin para designar o método comunista de difundir mentiras no Ocidente por meio de organizações não governamentais, de intelectuais ou da mídia, com o propósito de ludibriar a opinião pública e as classes governantes, e assim favorecer a vitória do comunismo em todo o mundo.
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Sua obra “Desinformação”, recentemente publicada no Brasil, traz relevantes informações sobre o interesse do Kremlin, desde os tempos de Stálin, em manipular as religiões. Hoje estamos vendo o governo russo se servir da chamada “Igreja Ortodoxa Russa”. Com efeito, o Patriarca Kirill, atual chefe dessa Igreja, realiza neste momento viagem a Cuba, com a finalidade de se encontrar com o Papa Francisco para uma conversa de duas horas, e fazerem um pronunciamento conjunto que divulgarão em seguida.
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É oportuno que o público católico brasileiro conheça algumas informações apresentadas no livro “Desinformação”, e que não são divulgadas pelos nossos meios de comunicação. As citações que dele serão apresentadas a seguir, revelam a manipulação da Igreja Ortodoxa feita pelo governo russo. Por isso, vemos com grande apreensão e preocupação esse encontro em Cuba do Papa Francisco com o Patriarca Kirill.  


“O Arquivo Mitrokhin, uma coleção volumosa de documentos do serviço secreto de inteligência estrangeiro soviético que foram contrabandeadas para fora da União Soviética em 1992, dá as identidades e os codinomes da inteligência soviética de muitos padres ortodoxos russos despachados, ao longo dos anos, para o Conselho Mundial de Igrejas com o objetivo específico de influenciar a política e as decisões desse órgão. De fato, em 1972 a inteligência soviética conseguiu ter o Metropolita Nikodim (agente “Adamant”) eleito presidente do WCC. Um documento da KGB de 1989 se vangloria: “Mais recentemente, o Metropolita Kirill (agente “Mikhaylov”), o qual fora um representante influente no Conselho Mundial de Igreja desde 1971 e, após 1975, um membro do Comitê Central do WCC, foi em 2009 eleito patriarca da Igreja Ortodoxa Russa” (“Desinformação”, Ion Mihai Pacepa. Vide Editorial, 2015, p. 31).

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“No dia 11 de abril de 1945, os bispos católicos ucranianos foram presos, incluindo o Arcebispo Josyf Slipyj. De 1920 a 1922, Slipyj estudou no Pontifício Instituto Oriental, em Roma, e na Pontifícia Universidade Gregoriana. Em 1939, com a benção do Papa Pio XII, Slipyj foi sagrado arcebispo de Lviv. Tornou-se o líder da IOGU [Igreja Greco-Católica Ucraniana] em 1944. Então, junto com os outros bispos, foi acusado de colaborar com os nazistas e condenado a trabalho forçado no gulag siberiano."

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“Em resposta, Pio XII lançou sua encíclica Orientales Omnes, de 23 de dezembro de 1945. Nela, o Papa não apenas condenava o comunismo; ele aberta e especialmente atacava o Patriarca Alexis, de Moscou. A situação ficou pior de 8 a 10 de março de 1946, quando as autoridades soviéticas reuniram à força uma assembleia de 216 padres, e fez-se então o assim chamado Sínodo de Lviv, no qual a Igreja Ortodoxa Grega da Ucrânia foi “reincorporada” à força à Igreja Ortodoxa Russa e obrigada a revogar a sua união com Roma. A IOGU [Igreja Greco-Católica Ucraniana] primeiro se tornou uma “Igreja do Silêncio”, depois uma “Igreja de Mártires”, já que muitos dos católicos ucranianos confinados pelos comunistas eram torturados e/ou assassinados.” (op. cit. p. 131).


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“Ainda não foi encontrada nenhuma pista concreta da mão da KGB nesta nova guerra secreta contra o mundo cristão, porque os arquivos da KGB, infelizmente, ainda estão fechados. Mas inclinar o Vaticano para que eleja papas anti-americanos simpáticos ao Kremlin (...) há muito é o sonho de Moscou.” (op. cit. p. 264).

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“No dia 5 de dezembro de 2008, morreu Aleksi II, o 15º. patriarca de Moscou e de toda a Rússia e primaz da Igreja Ortodoxa Russa. Ele tinha trabalhado para a KGB sob o codinome de “Drozdov” e tinha o Certificado de Honra, da KGB, como foi revelado por arquivos da agência de segurança deixados para trás na Estônia quando os russos foram postos fora de lá. Pela primeira vez na história, a Rússia tinha a oportunidade de conduzir a eleição democrática de um novo patriarca, mas isso não seria assim.

“Em 27 de Janeiro de 2009, os 700 delegados do Sínodo reunidos em Moscou receberam uma lista de três candidatos: o Metropolita Kirill, de Smolensk (membro secreto da KGB cognominado “Mikhylov”); o Metropolita Filaret, de Minsk (que tinha trabalhado para a KGB com o codinome de “Ostrovsky”); e o Metropolita Kliment, de Kaluga (na KGB com o codinome “Topaz”).

Quando os sinos da Catedral de Cristo Salvador dobraram para anunciar que um novo patriarca tinha sido eleito, Kirill/”Mikhaylov” veio a ser vencedor. Indiferentemente de se era o melhor líder para a sua igreja, ele certamente estava em melhor posição para influenciar o mundo religioso no exterior do que os outros candidatos. Em 1971, a KGB mandara Kirill para Genebra como representante da Igreja Ortodoxa Russa naquela máquina de propaganda soviética, o Conselho Mundial de Igrejas (WCC). Em 1975, a KGB o infiltrou no Comitê Central do WCC, que se tornou um peão do Kremlin. Em 1989 a KGB também o designou diretor de relações internacionais do patriarcado russo. Ele ainda detinha estes dois cargos quando foi eleito patriarca.

“Em seu discurso de aceite, como novo patriarca, “Mikhaylov” anunciou que planejava fazer uma viagem ao Vaticano em futuro próximo. Também falou sobre sua intenção de estabelecer canais de televisão religiosos na Rússia que também transmitiriam para o exterior.

“Na Rússia, quanto mais as coisas mudam, mais parecem ficar as mesmas. A ciência da desinformação se mostrou uma arma tão encantadora, que os russos permanecem viciados nela. [...]” (op. cit. pp. 366-367).

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“Documentos há pouco liberados da KGB mostram que metade de todo o clero soviético eram agentes ou empregados disfarçados da KGB até pelo menos o fim da era Gorbachev.” (op. cit. pp. 468, nota no. 5).





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